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Caso Benício: Donos do hospital prestam depoimento sobre morte da criança após dose de adrenalina

Edson Sarkis Jr, um dos donos do Hospital Santa Júlia, chega à delegacia para depoimento Os donos do Hospital Santa Júlia prestaram depoimento, nesta quarta-...

Caso Benício: Donos do hospital prestam depoimento sobre morte da criança após dose de adrenalina
Caso Benício: Donos do hospital prestam depoimento sobre morte da criança após dose de adrenalina (Foto: Reprodução)

Edson Sarkis Jr, um dos donos do Hospital Santa Júlia, chega à delegacia para depoimento Os donos do Hospital Santa Júlia prestaram depoimento, nesta quarta-feira (17), na sede do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), que conduz as investigações sobre a morte de Benício Xavier, após receber doses elevadas de adrenalina. Benício morreu em 23 de novembro, depois de receber o medicamento de forma indevida. Segundo as investigações, a médica Juliana Brasil prescreveu a dose errada, e a técnica de enfermagem Raiza Bentes aplicou o medicamento na veia da criança. De acordo com o delegado Marcelo Martins, as investigações também apuram a responsabilidade do hospital quanto à estrutura, protocolos e eventuais falhas do sistema de prescrição. 📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp Prestaram depoimento nesta quarta-feira: Édson Sarkis Édson Sarkis Júnior Júlia Sarkis O primeiro a depor foi Édson Sarkis Júnior, que chegou à unidade policial por volta das 9h30. Acompanhado por advogados, ele não quis falar com a imprensa. Cerca de uma hora depois, o fundador do Hospital Santa Júlia, Édson Sarkis, compareceu à delegacia para ser ouvido. Após depor, ele conversou com jornalistas e exaltou as qualificações da unidade de saúde, disse estar preocupado e solidário à família de Benício, além de reforçar que o hospital adota protocolos corretamente. "O hospital tem protocolo de segurança, tem dupla checagem. Nessa ocasião, no pronto-socorro, tinha uma enfermeira que faz o protocolo de segurança. Ela não foi acionada, mas existe uma enfermeira. Além dessa enfermeira, tem mais duas enfermeiras que também podem fazer protocolo de segurança. Além disso também tem uma farmacêutica na central. Essas coisas todas precisam ser ditas e serão ditas", afirmou. Última a depor, Júlia Sarkis chegou ao 24º Distrito Integrado de Polícia às 11h. Ao fim do depoimento, ela se limitou a afirmar que o hospital está colaborando com as investigações. Após os procedimentos, o delegado Marcelo Martins afirmou que os donos do hospital confirmaram que no dia do atendimento a Benício, todos os equipamentos e o corpo médico necessário estavam à disposição, mas não foram acionados pela equipe de saúde. "Eles relataram que os equipamentos que foram ditos que não existiam no hospital, na verdade existiam e estavam à disposição dos profissionais. Eles relataram também que com relação à falta de equipe, existia equipe sim à disposição da equipe médica que atendeu o Benício, só que de certa forma essa equipe não teria sido acionada pelos profissionais de saúde que estavam ali atendendo o Benício." Donos do Hospital Santa Júlia prestam depoimento nesta quarta-feira (17), em Manaus, sobre morte de Benício Xavier. Lucas Macedo/g1 AM Hospital forneceu informações falsas ao Ministério da Saúde O Hospital Santa Júlia cadastrou a médica Juliana Brasil em plataforma do Ministério da Saúde como pediatra, mesmo a profissional não possuindo especialização na área, afirmou o delegado Marcelo Martins na última segunda-feira (15). Ao g1, o delegado afirmou que a informação foi constatada em consulta ao Cadastro Nacional de Especialistas (CNE). "Alguém do hospital realizou essa declaração perante o Ministério da Saúde, afirmando que a médica Juliana era uma médica pediátrica, e essa pessoa pode responder por falsidade ideológica. Essa é uma outra circunstância que será apurada em termos de responsabilização criminal". O Hospital Santa Júlia não se pronunciou sobre Juliana Brasil não ter especialidade em pediatria e atuar no setor da unidade. Caso Benício: entenda as restrições da Justiça que médica e técnica precisam cumprir após prisões negadas O caso Imagens exclusivas revelam como foi o atendimento ao menino Benício, vítima de um erro médico Segundo o pai, Bruno Freitas, o menino foi levado ao hospital com tosse seca e suspeita de laringite. Ele contou que a médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa, 3 ml a cada 30 minutos. A família disse ao g1 que chegou a questionar a técnica de enfermagem ao ver a prescrição. De acordo com Bruno, logo após a primeira aplicação, Benício apresentou piora súbita. “Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização. Nós perguntamos, e a técnica disse que também nunca tinha aplicado por via intravenosa. Falou que estava na prescrição e que ela ia fazer”, relatou o pai. Após a reação, a equipe levou a criança para a sala vermelha, onde o quadro se agravou. A oxigenação caiu para cerca de 75%, e uma segunda médica foi acionada para iniciar o monitoramento cardíaco. Pouco depois, foi solicitado um leito de UTI, e Benício foi transferido no início da noite de sábado. Na UTI, segundo o pai, o quadro piorou. A equipe informou que seria necessária a intubação, realizada por volta das 23h. Durante o procedimento, o menino sofreu as primeiras paradas cardíacas. O pai relatou que o sangramento ocorreu porque a criança vomitou durante a intubação. Após as primeiras paradas, o estado de Benício continuou instável, com oscilações rápidas na oxigenação. Minutos depois, Benício apresentou nova piora e não respondeu às manobras de reanimação. Ele morreu às 2h55 do domingo. “Queremos justiça pelo Benício e que nenhuma outra família passe pelo que estamos vivendo. O que a gente quer é que isso nunca mais aconteça. Não desejamos essa dor para ninguém”, disse o pai. Em nota, o Hospital Santa Júlia informou que uma médica e uma técnica de enfermagem foram afastadas de suas funções e realizou uma investigação interna pela Comissão de Óbito e Segurança do Paciente. Infográfico - Caso Benício Arte g1